Tudo o que
você gostaria de saber sobre o Fórum Social
Português
mas não
teve ainda a oportunidade de perguntar
1. O
que é o Fórum Social Português?
Na sequência
da adopção da
Declaração de Coimbra, em 21 de
Setembro de 2001, o
Fórum
Social Português, como os seus
congéneres europeu e mundial, é o processo
de construção de um espaço de encontro, sem
direcção ou programa político, aberto à
participação de todas as pessoas singulares,
associações, redes de organizações e outras
entidades que acreditam que um outro mundo
em que reine a paz, a justiça, a
solidariedade e a sustentabilidade é não
apenas possível: é necessário.
2.
Quem tem o poder de decidir?
No quadro do
Fórum
Social Português, a todos os níveis
do processo decisório, todas as reuniões são
abertas. As pessoas individuais (nacionais
ou estrangeiros), as associações (pequenas
ou grandes) ou quaisquer outras entidades
que se identifiquem com a
Carta
de Princípios do Fórum Social Mundial
ou com a
Declaração de Coimbra, têm o direito
de integrar, em pé de igualdade com qualquer
outro participante, o processo de tomada de
decisão.
3.
Como se processa a decisão?
Local de
coexistência de agendas muito diferentes, o
Fórum
Social Português pratica uma política
activa de inclusão e de respeito absoluto
pela diferença mediante a adopção do
consenso como método único de tomar
decisões. Dado que no processo decisório
tanto podem participar cidadãos individuais
como organizações com muitos milhares de
membros, a adopção de decisões por consenso
é o único processo que obsta à aplicação
aritmética da lei do mais forte, garantindo
que as maiorias conjunturais não ignorem
outros pontos de vista, por mais
minoritários que sejam.
4.
Quem pode agir em nome do Fórum?
Ninguém pode
agir em nome do
Fórum
Social Português. Trata-se de uma
entidade que não toma posições comuns, não
assume posições públicas, não aprova
documentos políticos, não possui porta-voz e
não autoriza pessoas ou organizações a falar
em seu nome.
5.
Quem assegura o financiamento?
Sem tomar em
consideração infra-estruturas graciosamente
cedidas ou o produto da venda de bens ou
serviços, o
Fórum
Social Português é integralmente
financiado pelos cidadãos, associações e
outras organizações participantes. Tendo
adoptado o princípio de que toda a
participação deve implicar uma contribuição
financeira e que esta deve ser definida
proporcionalmente ao rendimento dos
participantes individuais ou à dimensão das
organizações, o auto-financiamento abre
perspectivas de continuidade, garante a
independência das associações e salvaguarda
a autonomia deste novo espaço público de
intervenção.
6.
Como e quem estrutura a acção colectiva?
A cidadania
social, a iniciativa das mulheres e homens
que, a título individual ou colectivo,
promovem interesses específicos na
sociedade, é o verdadeiro motor do
Fórum
Social Português. São estas pessoas e
organizações que constroem a estrutura da
acção colectiva, existindo iniciativas
conjuntas, oficinas, debates, exposições,
bancas e outras iniciativas que as
organizações, em total liberdade, desejem
realizar, havendo ainda espaços de cultura,
espectáculo e confraternização.
7.
Que espaço é reservado às boas práticas
sociais?
Em matéria de
boas práticas, a sustentabilidade é central.
Na qualidade de prestador de serviços e de
consumidor consciente do impacto do seu
próprio comportamento, o
Fórum
Social Português submete a sua acção
a critérios de responsabilidade social e
dispõe de um
Código de Conduta que: privilegia os
canais alternativos de produção e de
comercialização, constitutivos da economia
social e solidária; dá prioridade às
aquisições efectuadas em função de critérios
de qualidade social e ambiental; recusa a
contratação com entidades que, de maneira
notória, desrespeitem os direitos laborais,
sociais, culturais ou ambientais e respeita
o princípio dos três R (redução,
reutilização e reciclagem).
8.
Como se repercute no Fórum a participação
dos partidos políticos?
É do
conhecimento geral que, em Portugal, os
partidos políticos participam no Fórum. Se o
Fórum
Social Português se quer afirmar como
espaço de liberdade plena em que todos os
participantes apresentam projectos,
partilham experiências, socializam ideias,
criam complementaridades e alargam
parcerias, reforçar a autonomia do processo
iniciado em 2003 em relação à agenda
politico-partidária é fundamental. As
fronteiras temporais da cidadania social são
o médio e o longo prazo e todas as agendas
devem ter, neste processo, igual valor.
9. o
que já foi feito no âmbito deste processo ?
De 7 a 10 de
Junho de 2003, na Cidade Universitária de
Lisboa, realizou-se a primeira edição do
Fórum Social Português que reuniu mais de
2.000 pessoas e cerca de 240 organizações.
Durante o encontro cerca de 60
conferencistas reflectiram sobre questões
prementes em áreas tão variadas como a luta
pela paz, o desenvolvimento sustentável, a
defesa dos serviços públicos ou a
globalização. As associações e outras
organizações participantes promoveram a
realização de cerca de 120 iniciativas
(oficinas e outras) e apresentaram o seu
trabalho em mais de 50 bancas.
Em 14 de Maio
de 2005, em Évora, realizou-se um encontro
subordinado ao tema
Resistências e Alternativas. Este
encontro temático foi um espaço aberto a
quem quis contribuir para a criação, difusão
e socialização de alternativas à actual
estrutura da sociedade nacional, europeia ou
internacional e constituiu uma ocasião
privilegiada para identificar e partilhar um
conjunto de práticas sociais que, em
Portugal, anunciam e dão corpo à esperança
numa futura ordem económica, social,
política e cultural global mais justa e
solidária. O
Fórum
Temático Resistências e Alternativas
inscreveu-se no processo de construção do
segundo
Fórum
Social Português que terá lugar este
ano.
10.
Que iniciativas futuras se anunciam?
A 13, 14 e 15
de Outubro próximo, em Almada, realizar-se-á
a segunda edição do
Fórum
Social Português. À semelhança das
experiências anteriores, haverá iniciativas
organizadas centralmente – dias 13 de tarde
e 14 de manhã – iniciativas auto-organizadas
– dias 14 de tarde e 15 de manhã - e espaços
de cultura e confraternização.
Lisboa, 3 de
Março de 2006